"Riding Song" - Rock direto, com Renato Rocha no baixo. Serve como apresentação da banda. Usa trechos de uma entrevista onde cada um diz nome, signo, idade e fala sobre a época de "Dois" (1986): sua trajeto que vou / ser quando crescer".ória. No fim, Dado e Bonfá cantam: "Eu Já sei (Bonfá): é um rock que lembra os primeiros discos da Legião. A gente fez na época de A Tempestade. Gosto dessa música, é uma grande brincadeira.
"Uma Outra Estação" - A voz de Renato Russo, meio sussurrada, convida: "Vem comigo, não tenha medo / Estou longe, longe / Estou em outra estação". (Bonfá): Essa letra o Renato fez para uma grande amiga dele, a Flora. Ela era diplomata e facilitava a vida da gente em nossas viagens pelos quatro cantos do mundo.
"As Flores do Mal" - Raiva: "Volta pro esgoto, baby / Vê se alguém te quer". (Bonfá): Outra música que o Renato fez para uma amiga, que andava na noite com ele. Não me lembro agora o nome dela. A letra teve vários arranjos, mas acabou ficando uma balada com uma letra bem pesada e amarga, bem ao estilo de Renato.
"La Maison Dieu" - Dado: "A gente antes execrava blues. Mas fomos fazer um pela primeira vez, seria uma coisa meio 'Tea for One', do Led Zeppelin, e saiu o que saiu". A letra vomita: "Eu sou a lembrança do terror, de uma revolução de merda, de generais e de um exército de merda / Não, nunca podemos esquecer nem devemos perdoar". O único blues do disco. A letra fala de política, sobre tudo acabar em pizza no Brasil. Tem uma parte que diz mais ou menos assim: "Eu nunca anistiei ninguém, não devemos perdoar..."
"Clarisse" - Talvez a canção mais fundo-do-posso da Legião, tinha ficado fora de "A Tempestade" por ser barra-pesada demais. Renato fala de si mesmo se colocando como uma menina de 14 anos que, no fundo do poço, rejeitada e maltratada, se corta toda. (Bonfá): É uma espécie de canção autobiográfica. É bem pesada. Dizem que foi feita para uma fã, mas acho que o Renato é a própria Clarice na letra. Fala sobre os problemas e as injustiças sofridas pelas mulheres brasileiras. É uma música longa, de 12 minutos, acompanhada de um violão de 12 cordas. Lembro que o Renato chegou no estúdio e declamou toda a letra na hora, sem parar.
"Schubert Ländler" - Carlos Trilha só, ao piano. Uma das muitas "canções de ninar" que o compositor austríaco Franz Schubert (1797/ 1828) escreveu. (Bonfá): É uma vinheta de apenas alguns segundos. Ela foi incluída para dar uma acalmada. As cinco primeiras músicas do álbum são muito pesadas e essa fase do CD encerrada com essa vinheta.
"A Tempestade" - Um rock gótico ortodoxo, tanto nos timbres da guitarra quanto na interpretação de Renato "Com teu amor eu quero que sintas dor, eu quero teu sangue e ser teu credor". (Bonfá): Lembra um pouco música gótica. Gosto também dessa faixa. Era outra canção que o Renato fazia questão de colocar no disco anterior.
"High Noon (Do Not Forsake Me)" - Instrumental, da trilha do clássico western "Matar ou Morrer" (título original: High Noon). (Bonfá): É tema de um filme de faroeste muito conhecido (High Noon, de Fred Zinnemann). A gente fez uma versão bem mais rápida.
"Comédia Romântica". Dado toca dobro com slide e gaita, dando um toque especialão rock. A letra confunde: "Não preciso de heróis, eu tenho meus amigos". (Bonfá): Essa canção é a cara do Renato. Fala sobre esse lado meio amargo dele. De as pessoas quererem ajudá-lo e ele se recusar. Lembro dele falando para mim e para o Dado: "Valeu a intenção, mas eu sou desse jeito mesmo, não há muita coisa a se fazer".
"Dado Viciado" - Voz e violão, composta por Renato nos tempos de "Trovador solitário", gravado para "Dois". (Bonfá): Essa música só não saiu antes porque o Dado ficava com medo de os fãs acharem que o Dado viciado era ele. Na verdade, era o primo dele. Agora, ele concordou em colocá-la no novo CD, pois combinamos de deixar tudo esclarecido no encarte. É uma das poucas versões acústicas do álbum.
"Marcianos Invadem a Terra" - Da mesma fase, cita "Life on Mars?", de David Bowie. Uma das minhas favoritas. (Bonfá): A letra lembra muito a nossa juventude em Brasília. A gente saía com os nossos carros à noite pela cidade. Éramos os próprios marcianos invadindo a Terra. É uma canção acústica.
"Antes das Seis" - Romantismo adolescente ("quem inventou o amor, me explica por favor"), com Bi Ribeiro no contrabaixo e Tom Capone na slide Guitar. (Bonfá): Uma das mais pops do CD. Acho que é outra que vai virar hit. É mais acessível, o que ajuda a equilibrar um pouco o disco.
"Mariane" - Outro out-take de "Dois", feita por Renato em inglês, para uma ex-namorada. "Não sei para onde estou indo, acho que é só uma fase". (Bonfá): É uma balada muito positiva, toda cantada em inglês. Acho que pode ser um dos hits do disco. É tambêm uma das minhas favoritas. Foi gravada originalmente só com voz e violão. Aumentei a voz do Renato para poder colocar bateria e guitarra.
"Sagrado Coração" - Instrumental animada, com pianinho. A letra está no encarte, mas Renato não teve tempo para gravá-la. "Essa marca a ausência dele", ressalta Dado. (Bonfá): Esta letra vai aparecer no encarte do novo disco, mas não chegou a ter vocais gravados. É uma balada superlegal. Ela foi escolhida para encerrar Uma Outra Estação porque lembra um pouco aqueles letreiros que passam no fim dos filmes.
"Travessia do Eixão" - Música do Liga-Tripa, banda hippie de Brasília, que pede proteção contra atropelamentos. No clima mais informal possível, cantada em coro. A gente faz uma referência a uma banda de malucos que tinha no fim dos anos 60 em Brasília. Costumo dizer que é a música alternativa do disco. Tem uma percussão com garrafas. Ficou bem legal.